terça-feira, 8 de setembro de 2015

Das coisas que a vida faz

"Essa sensação estúpida, de sentir e não dizer..."

De repente me veio aquela sensação estúpida de vazio aí resolvi fazer um balanço da vida.

  Acordo feliz, me sentindo tranquila. Está bem frio, e a vontade de sair da cama beira o zero absoluto. Olho para os lados, sinto saudade. Dá vontade de conversar até a garganta secar e a gente se pegar falando sobre os demônios de Maxwell ou qualquer outro assunto completamente aleatório. Tento espantar essa vontade, abanando as mãos no ar, prevendo a bad vibe que isso me trará, somado a um dia chuvoso seria uma combinação desastrosa. Levanto, faço café. Cheiro de café nunca falha em me deixar de bom humor. Escuto a buzina do padeiro, desço correndo. "Me vê dez." Exagero. Mas hoje vai ter sopa. Tomo café pensando em como eu adoro um café forte e quente num dia nublado. Sorrio, sentada num banquinho de plástico na cozinha, fazendo da tábua de passar roupa minha mesa. Falo sozinha, faço planos, escrevo uma lista de mercado. A faxineira chega. "Oi L.., vou no mercado um instante. Precisa que traga alguma coisa?""Traz um vidro de cloro por favor."

  Volto do mercado com cloro, e tangerinas. Adoro tangerinas e o jeito como o cheiro delas entra em você e gruda na sua alma, pra não sair nunca mais. Tangerinas... sorrio. Vou para a cozinha, os braços fracos de todo peso que carreguei do mercado até em casa. Porque a vida não é só feita de tangerinas e cloro. Arrumo tudo, começo a fazer o almoço. Já disse que hoje vai ter sopa?
 
 Comida pronta. Almoço. Recebo um elogio pela sopa. Sorrio. O dia está agradável.
  
  Enquanto lavo a louça penso sobre as coisas que a vida faz. Me sinto estranhamente em paz. Quero um abraço, daqueles bem apertados. Ok, vou me contentar em comer um suspiro. "Preciso escrever sobre isso." Vou para o meu quartinho secreto, que de secreto não tem nada. Armada com meu headphone novo, digito uma e outra frase, entre uma e outra estrofe de músicas nacionais que normalmente eu não escutaria. Ao que parece dentro da rua tem um bosque que se chama Solidão. Escuto coisas caindo e vou ver o que L... está aprontando.
Lembro que eu tenho uma monografia para escrever. Sou obrigada a fazer uma pausa.
  
O dia está estranhamente agradável, e atípico. Sinto saudades. Lá vem de novo a vontade de conversar até a garganta secar. Sorrio. Coisas que a vida faz.

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