sexta-feira, 13 de junho de 2008

Espaços vazios

O que seriam espaços vazios?
Em um primeiro momento seria muito fácil dizer. Espaços vazios são lugares insólitos antes ocupados por lembranças ou sentimentos que, em algum momento de nossas vidas foram apagados, esquecidos e até mesmo arrancados de nós. Cometemos o terrível erro de sempre culparmos alguém pelos nossos espaços vazios quando na verdade omitimos uma simples teoria: E se nossos espaços vazios nunca tiveram sido ocupados? Julgamos as pessoas, acusando-as de insensíveis e egoístas quando elas nos deixam, chegando ao cúmulo de dizer que elas levaram uma parte de nós, nos deixando um grande vazio. Ignoramos a hipótese de que elas podem nunca ter estado em nós ou que o espaço que deixaram não está vazio. Reclamar espaços vazios é uma atitude egoísta que temos para nos transformarmos em vítimas de uma situação que jamais existiu. Quando uma pessoa faz parte efetiva de nossas vidas e realmente tem seu lugar reservado em nossas memórias, ao partir, seja para além-vida, para outro estado ou cidade ou para outro relacionamento, ela não deixa espaços vazios. Esse espaço antes ocupado por ela dá lugar a um “sentimento-preenchedor” chamado saudade. Assim, o espaço vazio que temos não foi feito por alguém, mas sempre existiu, nós é que esperamos o momento oportuno para atribuí-lo a quem sequer fez parte de nossas vidas. E aquilo que achamos que de fato é a falta de uma parte de nós é apenas a saudade que insistimos em esconder...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Murmúrio...

Murmúrio
-Cecília Meireles-

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!



Às vezes passamos por momentos tão difíceis e ruins que pequenos gestos mudam o rumo de nossas vidas. Estamos tão desolados e sem esperança numa melhora significativa que nos contentamos com o pouco, ou o mínimo. Tantas vezes precisávamos de apenas um abraço, uma palavra ou ao menos uma imagem para espantar os fantasmas da solidão. Nos víamos cercados por uma escuridão sem tamanho, esmagados pela densa nuvem do desespero, e mesmo assim nunca exigimos nada, apenas o suficiente para evitar a ruína. O deitar e o despertar se tornaram em lágrimas e tudo que pedimos é um pouco de qualquer coisa. Qualquer coisa que nos dê um momentâneo alívio. Não pedimos mudanças radicais, não pedimos soluções mágicas, não. Aceitamos o que estão dispostos a nos oferecer.
O que você tende a achar insignificante ou sem valor pode ser o fim ou a esperança de alguém. Nunca negue um conselho a quem te pede uma palavra, nunca negue todo o seu tempo a quem te pede apenas um minuto, nunca negue um abraço a quem te pede somente sua companhia...