quarta-feira, 18 de março de 2009

Superação...

Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado.

Por vezes nossas vidas tomam rumos que nos são desconhecidos. Percorremos caminhos sombrios, estradas abandonadas, trilhas invisíveis que parecem nos levar a lugar nenhum, apenas mais fundo em um mundo desolado e perturbador. Ficamos apavorados certos de estarmos completamente perdidos, imaginando sempre o pior fim pra tudo isso. O medo nos mergulha em um torpor infinito, e afundamos. Solitários, entorpecidos e entregues. E por mais estranho que possa parecer, nos sentimos seguros. A dormência que nos envolve nos mantém ignorantes da realidade, nos impede de sentirmos dor. E assim passamos os dias, apenas existindo... Até que inesperadamente sentimos nosso rosto se aquecer, e tudo a nossa volta fica extremamente claro. Tentamos abrir os olhos, mas a claridade machuca e levamos a mão ao rosto para cobri-los. O torpor que nos protegia parece ter sumido dando lugar a um vazio que não sabemos como preencher. A dor ainda está conosco, mas as lágrimas que antes a expressavam se negam a descer. Então nos damos conta: o vento soprou nas nuvens trazendo o sol. Revelando por trás de um cenário desolado uma realidade nova. Uma oportunidade. Logo, tudo nos parece familiar, mesmo nunca tendo visto coisa igual. Percebemos a superação. Entendemos que ‘se perder’ era necessário para acharmos nosso verdadeiro ‘eu’. Que mesmo fragmentada e incompleta, ainda temos uma vida que já não nos parece tão amarga como antes. Podemos finalmente respirar aliviados e olhar para trás sem que o mundo se acabe toda vez que fitamos o casulo de onde acabamos de sair. Sentimos as feridas abertas em nós queimarem, mas elas já não sangram mais. Renascemos, mudamos, evoluímos. Superação...

Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado...